21 de nov. de 2008

"Eu amo você, menina, eu amo você..."

(Título: Eu amo você - Tim Maia)


Outro dia peguei o João na creche. João é meu afilhado, lindo por sinal. Vínhamos de mãos dadas até o carro, percebi que ele queria me dizer alguma coisa, mas estava ainda pensado se diria ou não. Levei-o para fazer um lanche, com direito a sorvete no final. Gosto de respirar o mesmo ar que ele, um ar de inocência, de delicadeza, que às vezes quase perco a lembrança. Ele me fita, ri lambuzado do creme, conta dos amiguinhos, do que vai ser quando crescer, mas tem medo de dizer o que realmente quer.Voltamos em silêncio para sua casa, quando estacionei o carro e comecei a me arrumar para desembarcar, ele disse:
- Dinda, sabe a Giovana?
- Sim, tua coleguinha da creche?
- É... Dinda... Eu acho que estou amando ela.
Eu ri, talvez ele tenha pensado que eu ri delicadamente, mas não: minha primeira reação foi achar engraçado. Como um menino de 5 anos pode dizer que ama alguém? Amar alguém que provocaria um relacionamento? Depois parei com esse sarcasmo e minha ignorância me deixou tímida diante do meu afilhado. Como pude desconfiar de que talvez ele realmente a amasse, e ainda com mais pureza e verdade do que todos os amores que já tive? Como pude zombar das horas que ele passava antes de ir para aula escolhendo a maçã mais vermelha e madura para dividir com ela no recreio? Como pude não entender o por que dele me pedir uma camisa nova em vez de um brinquedo? Como não reparei que agora meu afilhado tinha olhinhos ainda mais brilhantes e felizes? Como não percebi que o cheiro forte de perfume não foi acidental, mas sim por que ele ia passar a tarde com uma menina chamada Giovana?
Ele era pequeno, mas não estaria livre desse perigo. Eu não poderia ser tão desumana e fazer ele desacreditar de que talvez um dia se casassem, que morassem juntos, que tivessem filhos.E se casassem? E se passassem a infância e juventude inteiras esperando um pelo outro? Se daqui 20 anos me convidassem para ser madrinha do primeiro filho? Eu não poderia, não seria capaz de cortar uma esperança, muito menos o primeiro amor do meu afilhado.
- Então você acha mesmo que ama ela?
- Sim, Dinda... Mas a mamãe disse que é bobagem.
- É que talvez sua mãe tenha medo. O amor é complicado... Até a gente que é grande não sabe lidar muito com isso.
- Mas então por que o amor existe se a gente não pode sentir?
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(Cáh Morandi)

7 comentários:

Anônimo disse...

O mais Nobre dos Sentimentos, já pertence ao doce e inocente coração de uma criança!... O mais Nobre Sentimento!... Que 'coisinha' mais linda de se Ler e Imaginá-lo!... É Puro!

Anônimo disse...

tão lindo ... doce!

Desanovoando disse...

Que linda história...é essa inoscência que nos falta tantas vezes depois que nos tornamos adultos!
Bjim, moça.
Elaine...desanuviando

Anônimo disse...

Tive vontade de chorar agora. Muito bonito o que vc escreve.

Até..

Mauro

Juana disse...

que doce *-*

Anônimo disse...

Muito lindo isso... a inocencia na sua mais doce imaginação! Ahhh ...se tudo fosse assim, não seria tão complicado! Bjs crianças ... Núbia Cardoso.

Iohanny Mayã Alves Lima disse...

Sou fã do teu jeito com as palavras, tudo com você torna-se tão lindo.
Ás vezes dou um passadinha aqui e leio teus poemas e textos e sempre saio com a certeza de que estou no caminho certo, o caminho da escritura. Como é bonito ler teus jeitos.

Iohanny Mayã Alves Lima.